segunda-feira, maio 04, 2009

REFORMA DA FAU texto revista Caramelo 3

revista Caramelo, nº 3, outubro/1991




"O processo de Reforma da FAU teve inicio em outubro de 1989, com uma reunião onde estavam presentes todos os chefes de Departamento, o então diretor da FAU, Prof. Ualfrido del Carlo, representantes de alunos e funcionários.

Desta reunião saiu a Comissão para Estudos de Ocupação do Espaço da FAU, coordenada pela prof. Gilda Collet Bruna, Chefe do Depto.de Projeto, hoje Diretora da FAU.

Os trabalhos, se desenvolveram com o pedido da Comissão para que Departamentos, Laboratórios e Biblioteca, fizessem um levantamento da área necessária para suas atividades.

Feito isso, formou-se em março de 1990 uma equipe, coordenada pelo prof. do Depto. de Projeto Arnaldo Martino com mais dois professores e um representante dos alunos para propor um projeto que respondesse as necessidades de todos.

Em junho do mesmo ano o projeto foi apresentado a comunidade; a reação dos alunos foi contra o projeto, pois entre outras propostas, existia uma que ocupava o Museu, espaço que pertence aos alunos, pelas seções adms. E Diretoria. Diante do protesto a Direção colocou a possibilidade dos alunos proporem uma alternativa a tal projeto em 24 hs, fato que por motivos óbvios não foi feito.

A falta de verba fez com que a reforma não fosse imediatamente posta em prática, nos moldes propostos pela Comissão, e hoje o projeto está em fase de “rediscussão” entre a direção, a equipe responsável pelo projeto, e o GFAU

F A U U S P

UMA REFORMA EM QUESTÃO

Editoria Caramelo

Maldizer a maneira pela qual professores, alunos e Direção vem tratando a questão da Reforma da FAU, poderia parecer injusto há alguns meses, pois pela primeira vez neste processo, já cheio de injustiças e irregularidades, todas as partes estavam dispostas a dialogar, a fim de se chegar a um projeto comum.

A situação catastrófica em que encontramos a FAU na primeira semana de agosto, revelou a verdadeira posição da Direção frente ao problema. Relembrando: um avanço da sala de computação em direção a seção de alunos; um abaixo assinado e uma carta a Folha de São Paulo pedindo providências em relação ao projeto de estacionamento na área tombada entre a Matemática e a FAU; a possibilidade de se colocar os tais caixilhos na entrada da FAU; e finalmente o encaminhamento e aprovação de uma série de propostas já existentes no Projeto.

Fica claro, então, o descaso da Direção e das Comissões com toda a comunidade da FAU e com relação ao prédio tombado pelo CONDEPHAAT, este, projetado com um conceito de Escola de Arquitetura que parece não ser mais compatível com aquele proposto pela Direção.

O cerne desta discussão não está na avaliação das propostas de utilização e reorganização dos espaços (o projeto arquitetônico propriamente dito), mas nas idéias que o fundamentam: o seu programa. Esse projeto revela uma estrutura de funcionamento da Faculdade que precisa urgentemente ser revista. A demanda de metros quadrados de cada departamento, por exemplo, evidencia as rivalidades entre estes, que já há muito tempo, se refletem no andamento do nosso curso.

Para nós, discutir a validade de se aumentar a sala de computação, ou não, para que todos possam trabalhar melhor, não faz sentido, o projeto de Reforma da FAU deve passar obrigatoriamente, antes, por um projeto de Reforma curricular que ao nosso entender, além de ser uma discussão mais significativa, resolveria até, a falta de espaço que teoricamente, temos hoje. As salas de professores em todos os Departamentos passam grande parte do tempo vazias, demonstrando que não se trata de uma questão apenas de ocupação e disponibilidade de espaço. Esta reforma não está atingindo, e até mesmo camufla, os principais problemas que a envolvem.

Resolver estas questões pela apropriação “discreta”, de m2 em m2, não dissolverá o problema que temos todos que enfrentar, em uma Faculdade em crise permanente, sem recursos e o pior, sem rumo.

As obras de recuperação e manutenção do edifício, há muito tempo desprezadas, são absolutamente necessárias e urgentes, um problema que pede de toda a comunidade extrema atenção.

O que interessa saber, é o que todo o corpo docente defende, e vota na hora das decisões nas Comissões, por sem um posicionamento claro das pessoas que formam as entidades representativas da Faculdade, a discussão não tem legitimidade e situações “estranhas” que enfrentamos, como por exemplo, nesta primeira semana de agosto, seriam evitadas.

Assim, gostaríamos que este projeto de Reforma fosse tratado com o respeito e dignidade que merece pois envolve questões importantíssimas que nos concerne: a intervenção em um prédio tombado pelo Patrimônio Histórico, e a reestruturação de uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo."

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